quinta-feira, 25 de junho de 2009

Quem será o próximo descarado?

Mais um caso de pedofilia envolvendo religiosos ligados à igreja católica, chocou a região do Vale do Itajaí no último dia 19. O frei Ângelo Chiarelli, 64 anos, foi preso em flagrante com uma menina de 13 anos em seu quarto na cidade de Rio do Sul (SC).
A menina estava sem jaqueta e o religioso suspeito com o zíper da calça aberto. Em depoimento, a menina afirmou que se relacionava com o frei havia dois anos. Informalmente, Chiarelli admitiu que beijou e acariciou os seios da adolescente. Além disso, foram encontradas com o suspeito fotos e dvd’s que serão investigados pela polícia.
Que a igreja católica e várias pessoas ligadas à ela vem cometendo falhas e absurdos há tempo, todos sabemos. Mas para uma instituição que condena o uso de células tronco em pesquisas, os métodos anticoncepcionais e o uso do preservativo, este caso é mais uma pouca vergonha que muitas vezes a igreja tenta cobrir com os panos. Talvez ninguém tenha culpa pela conduta do frei acusado, mas ele pertence a um grupo que se diz de respeito mútuo e que condena os pecados do mundo. E então quem era pra servir de exemplo para a sociedade como um líder espiritual, passa a ser a vergonha da vez. A condenação para o suposto crime de atentado violento ao pudor, no qual Chiarelli está sendo acusado, varia de 6 a 10 anos de reclusão. Mas a conduta de um suposto criminoso desses tem chance de ser corrigida atrás das grades? Se nem mesmo a tão poderosa religião e os mandamentos da igreja católica o fez, acho que fica complicado. E mais, esse não é o primeiro caso envolvendo religiosos e pedofilia, e acredito que também não será o último a desfocar o real sentido da vocação.
Segue um trecho de uma conversa do Frei com a suposta vítima:
— Você tá deitada? — pergunta o frei.
— Já — responde a menina, sussurrando.
— E com qual calcinha, branca?
— Não, com a verde.
— Você recebeu a minha mensagem ontem?
— Sim.
— Então, não tá escrito lá o quanto eu te amo, o quanto eu te quero? O quanto eu quero você... eu não sei, mas uma hora eu vou perder a cabeça e vou te agarrar, viu?! — disse o frei.

Ainda o padre afirma que foi assediado pela garota e que não resistiu à sedução.
Palhaçada.
E que moral pra igreja, hein?

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Decidido, derrubado. E agora?

O Supremo Tribunal Federal decidiu neste dia 17, derrubar a exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Atendendo a um recurso do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo e do Ministério Públido Federal. A votação foi de oito votos contra um.
E agora?
Talvez seja um pouco cedo pra querer tomar decisões ou comentar sobre o futuro da profissão e do jornalismo no Brasil, mas algumas dúvidas me fazem refletir sobre algumas questões que envolvem esse caso.
Tudo bem, acredito na idéia de que todos temos opinião. Podemos escrever em blogs, expor nossos pensamentos, criticar, julgar, comentar algo. Até sou flexível nesse ponto e acho que para isso o diploma de jornalista não se faz tão necessário. Mas quando envolvem as questões técnicas da profissão, passo a pensar na credibilidade dos meios de comunicação, na qualidade do trabalho jornalístico e também na organização dessas pessoas que fazem do jornalismo o ganha-pão diário.
Além de administração, estudo jornalismo há 2 anos e meio na Universidade do Vale do Itajaí [Univali]. E por lá, temos laboratórios de rádio, TV, fotografia, uma estrutura considerável para adquirirmos o conhecimento e a prática necessária com qualidade. E para tudo tem um preço. Investimos na formação, no conhecimento para nos formarmos profissionais qualificados a fim de desenvolver um trabalho sério, ético e responsável. E numa decisão de quarta-feira à noite, isso tudo me faz repensar sobre o futuro.
Escrever é fácil, basta ser alfabetizado para isso. Expressar pensamentos oralmente, muito mais, basta o dom da fala. Mas o profissional do jornalismo se resume a isso? Jornalismo não é só escrever um texto, saber falar na frente das câmeras ou por trás de um microfone. Se fosse simples assim, não teríamos tantas disciplinas focadas às questões técnicas da profissão dentro de nossa grade curricular. Sei que muita gente pensa que ser jornalista é fácil e que basta saber escrever e falar bem. Que a graduação para essa profissão não é tão exigente com o aluno. Que o profissional talvez não seja tão bem remunerado quanto deveria. Mas e o conhecimento para se tornar um deles, daonde vem? Ninguém nasce sabendo [já diz o dito popular] e agora para ser jornalista não precisa-se mais de diploma, graduação. Então todos que se acham compententes o suficiente para desempenhar o papel de jornalista, o farão? Escrever um texto jornalístico, falar frente às câmeras, apresentar um programa de rádio, trabalhar com assessoria de comunicação, redigir matérias, conhecer as estruturas de redação, de notícia e outras tantas funções que o curso de jornalismo nos ensina, sem estudo, [diploma] acredito que não será possível.
E os sindicatos que organizam os profissionais, terão controle sobre quem é ou não um jornalista com conhecimento suficiente e capaz de desempenhar os exercícios da profissão? Ou se tornarão um aglomerado de ex-jornalistas diplomados e outros práticos?
Sabemos que não só no jornalismo, mas em muitas outras áreas, há pessoas não qualificadas atuando no mercado, inclusive na saúde. Mas que as empresas responsáveis pela comunicação no país saibam reconhecer os jornalistas que contratam. O diploma não se faz mais necessário, mas o conhecimento sim. Não é e nunca foi fácil ser um profissional bem sucedido. Estudantes de jornalismo ou não, corram atrás do conhecimento, ele vale muito mais do que qualquer diploma.

Em tempo: Talvez sejamos surpreendidos por uma seleção natural do mercado. Onde os meios de comunicação passarão a preferir e valorizar ainda mais as pessoas devidamente capacitadas, os profissionais diplomados do jornalismo, visando um trabalho com credibilidade e qualidade.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

A crise no cenário da segunda arte brasileira


Não vim até aqui para julgar gostos ou estilos. Mas nessa semana assisti ao quadro “Garagem do Faustão” e fiquei preocupado com o futuro da música aqui no Brasil. Desde o surgimento de Mc Serginho e Lacraia, Bonde do Tigrão e essa trupe que se engana pensando que sabe o que é musica, o nível dessa arte vem caindo consideravelmente.
Muita música boa foi lançada no mercado brasileiro nesses últimos 20 anos , mas ao que parece, a realidade mudou e está virando caso sério. Tanto que se fez necessário um quadro incentivando a produção musical no país em um programa de TV de domingo à tarde.
Pagode, samba, funk e rap talvez nunca tenham entrado em recesso por aqui. E a situação grave gira em torno do eixo pop/rock. Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Titãs, Skank, Jota Quest e outros nomes muito conhecidos nessa cena, passaram de manias nacionais à rotinas nas rádios. E se não é o som deles que toca, pouca coisa diferente disso se ouve. Surgiram CPM 22, Charlie Brown Jr., Detonautas Roque Clube e mais recentemente NX Zero, que taxados de “bandinha emocore” salvam a cena das bandas que fizeram sucesso entre a juventude mas que não produzem mais como produziam. Seguindo os exemplos: onde estão os refrões pegajosos do CPM22? Os protestos de Tico Santa Cruz frente à Detonautas? E o skate e a cidade de Santos que Chorão citava tanto em suas composições? Se a independência financeira e a fama os contentam e servem de argumentos para não mais comporem com qualidade, não sei, mas que precisamos de músicas e bandas novas com qualidade no mercado, isso é fato.
O sertanejo virou moda e agora são Victor e Leo e seus seguidores rumo ao estrelato. Que permaneça a qualidade então. Que não caiam nas tentações da fama e esqueçam do público, dos fãs que esperam por um trabalho classe A. Penso que o sertanejo está quase virando um pop. Aquilo que foi o sertanejo do passado não refletiu nem um pouco no que escutamos hoje e que intitularam de “sertanejo universitário”. As letras se tornaram mais melancólicas que as dos próprios emocores. As duplas desabafam sobre a vida no papel, vira letra de música e aí quase todo mundo canta. A primeira vez que NX Zero fez isso, recebeu o título de banda emo.
Para tentar mudar a situação, eu e meu antigo colega de palco, Daniel, voltamos às composições e aos riffs do futuro. Assim como nós, acredito que a maioria do público enjoou dessas mesmas músicas e bandas que tocam nos festivais pelo Brasil. Som novo e estilo original, é assim que estamos trabalhando. Temos umas 7 ou 8 músicas prontas, com letras e composições próprias. Por enquanto se resume a isso, e se tudo der certo trago novidades para o segundo semestre.
Enquanto nosso som não sai dos ensaios, as letras do papel e Faustão e seus jurados não encontram a mais nova banda-mania brasileira, o sertanejo é quem domina o cenário. Perdemos bandas de qualidade e isso é fato, mas que não percamos o poder de filtrar o que é lançado aos nossos ouvidos.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

19 de julho de 2009


Encaminhei nesta semana aquilo que faltava. Os euros, as reservas de albergues, um guia para mochileiros e o seguro da nossa viagem intitulada Walkabout. Pra quem não sabe ou está curioso, eu, Daniel Cabelo e meu primo João Mumu [representante legal do trio perante o juiz], partiremos em julho para a Europa. E ao mesmo tempo em que O Velho Continente nos aguarda, inicia-se essa onda de tantos agitos no mundo dos aeroportos e transportes aéreos.
Confesso que fiquei preocupado no começo dessa loucura de pandemias e epidemias por aí a fora. Cheguei a pensar que fossemos viajar e passar o resto de nossos dias tossindo, literalmente. Essa gripe virou piada e brinquei até com meu pai. Pedi em tom irônico uma máscara cirúrgica para me proteger do vírus quando fossemos viajar e recebi uma resposta à altura de minha ironia. “Sim, mandarei uma caixa delas”. Ironizando a realidade ou fazendo piadas, o que importa é que a situação parece ter sido controlada. Pelo menos não corremos mais o risco de um surto dessa gripe.
Pra compensar a notícia, desaparece no ar esta semana, um avião da Air France. O voo 447, que levava 228 pessoas. Já não se pode mais confiar no transporte aéreo há tempos, e isso é fato. Mas quando acontecem falhas nesse sistema que lida com os gigantes do transporte, fica difícil de se acreditar. São tantas pessoas e radares controlando tudo sobre o avião, que uma falha parece impossível.Mas só parece. Se voltarmos a um passado recente, facilmente lembramos de outros acidentes de grande repercussão envolvendo aviões. [Voo 3054 da TAM, voo 1907 da Gol].
Problemas à parte, brindamos hoje exatos 44 dias para nosso embarque à Walkabout. Entre os países de destino estão Hungria, Polônia, República Tcheca, Alemanha e Holanda. Um passeio ao leste europeu, que talvez não seja o destino que satisfaça a maioria. Comento que nossa viagem, além de uma aula de história presencial, não tem como foco principal fotos em praças públicas, monumentos ou fachadas de museus. Optamos pelo não costumeiro com uma proposta de inovar e conhecer lugares visitados por uma menor parcela de turistas. Aproveitar esse período ao máximo, desvendar as belezas desses lugares pelos quais passaremos e fazer desta, uma viagem pra contar a todos e não só para nossos filhos e netos. Esse é nosso objetivo. Por fim, posto uma foto de Budapeste que é um de nossos destinos e ainda um poema de Paulo Leminski.



V, DE VIAGEM
Paulo Leminski


Viajar me deixa
a alma rasa,
perto de tudo,
longe de casa.

Em casa, estava a vida,
aquela que, na viagem,
viajava, bela
a adormecida.

A vida viajava
mas não viajava eu,
que toda viagem
é feita só de partida.